sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Casamento sirian ortodoxo

Tanto se falou essa semana em "casamento ortodoxo", por conta de uma cena gravada na Catedral Grego-ortodoxa de São Paulo para a novela Salve Jorge da rede Globo, que resolvemos postar aqui algumas fotos de um casamento sirian ortodoxo, realizado aqui no Brasil, na cidade de Belo Horizonte, cujo celebrante foi o abuna Manoel.


Clique nas imagens para ampliar:



O crédito das fotos são do fotógrafo Eduardo Bedran, disponível na íntegra no link abaixo:

https://eduardobedran.wordpress.com/tag/casamento-ortodoxo/

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Comunidade Santo Efrém celebra 1ª Divina Liturgia em São Luis - MA

No último dia 13/10 celebrou-se pela primeira vez a Santa e Divina Liturgia na Comunidade Santo Efrém, na cidade de São Luis, capital do estado do Maranhão. A liturgia foi celebrada pelo reverendo abuna Francisco Vale, auxiliado pelo subdiácono Pablo, coordenador da comunidade em São Luis. Além dos membros da comunidade, também fizeram-se presentes familiares e amigos, além dos monges do Mosteiro de São Bento de São Luis, acompanhados de seu prior Dom Leão, OSB.

Corepíscopo Vale em oração na Capela da Comunidade em São Luis
Segundo o corepíscopo Vale: "esta é só a primeira das várias Divinas Liturgias que viremos celebrar aqui, até que São Luis possa ter sua primeira Igreja Ortodoxa Siríaca e seu próprio padre, sob as proteções de Santo Efrém", afirmou o corepíscopo que é pároco do Santuário Theotókos - Mãe de Deus - em Teresina, no Piauí, e que assiste espiritualmente a comunidade. A comunidade já celebra semanalmente os Ofícios Divinos presididos pelo subdiácono Pablo, faz encontros dominicais de formação e catequese e, a partir de outubro, terá regularmente a celebração da Divina Liturgia (Santa Missa) pelo menos uma vez por mês.

Clique nas imagens abaixo para ampliar:



Segundo o diácono Pablo, o objetivo da comunidade em São Luis é, sobretudo, "conhecer a fundo a tradição e a espiritualidade da Igreja Ortodoxa Siríaca e rezar segundo a sua tradição, sem brechas para máculas exteriores", de modo a formar uma comunidade com um estreito relacionamento com a Igreja, conscientes de sua fé e de sua real espiritualidade. A comunidade já recebeu algumas doações para aquisição de um terreno para futura construção da primeira Igreja Ortodoxa Siríaca de São Luis, além de contatos com a colonia sirio-libanesa local e de convites ecumênicos.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"CRISTÃOS DE DAMASCO E DA SÍRIA PRECISAM DE AMIZADE E DAS ORAÇÕES DE TODOS"

Arcebispo maronita de Damasco fala sobre as primeiras reações após explosão de carro-bomba

Dom Samir Nassar
ROMA, terça-feira, 23 de outubro de 2012(ZENIT.org) - O ataque perpetrado no domingo, 21 de outubro, no bairro Bab Touma na véspera da missão de paz que levará à Síria cardeais e bispos delegados do Sínodo dos Bispos, renova para os cristãos sírios ansiedades e perguntas que apenas "nos próximos dias poderão ter uma resposta". Mas enquanto isso, "muitos tomaram o caminho do êxodo. Outros se preparam para a possibilidade de uma partida apressada". E uma igreja sem fiéis é destinada a se tornar como uma "testemunha muda".

Assim, numa nota enviada à Agência Fides, o arcebispo maronita de Damasco, Samir Nassar, fala sobre as primeiras reações verificadas entre os cristãos da capital síria após um carro-bomba ter explodido na área cristã da Cidade Velha causando 13 vítimas e dezenas de feridos.

O Arcebispo Nassar descreve as cenas de pânico que ele testemunhou, com os pais correndo aflitos "a procurar seus filhos nas escolas do bairro", enquanto as sirenes de ambulâncias acentuam a sensação insuportável de viver num época apocalíptica. "Alguns fiéis - ressalta - se ajoelharam para rezar o rosário, implorando Nossa Senhora da Paz, antes da missa, que começou com 20 minutos de atraso... Eu celebrei a missa de domingo às 18h, para 23 pessoas apenas, rezando pelas vítimas da manhã e pelos muçulmanos que na Síria estão se preparando para celebrar a festividade de Eid al Adha, em 26 de outubro, na tristeza e no silêncio".

Atentado terrorista em bairro cristão de Damasco
O bairro de Bab-Touma é um lugar simbólico para os mártires do cristianismo na Síria. Aqui - lembra o Arcebispo Nassar - nas mesmas ruas que São Paulo percorreu no tempo de sua conversão e batismo recebido por Ananias, "11 mil mártires em 1860 avermelharam com o sangue cada centímetro quadrado". Até agora Bab-Touma tinha sido poupada da violência que perturba a Síria desde 15 de março de 2011. Agora - se pergunta Nassar - que mensagem quiseram dar com um massacre planejado de domingo, bem na parte da Cidade Velha , onde estão concentradas as igrejas cristãs? "É uma violência gratuita que bate na porta para aterrorizar os últimos cristãos já sofridos?" Antes do terror e da violência - conclui o Arcebispo maronita - o anúncio cristão se manifestava como o da "Cruz redentora, do amor e do perdão". E os cristãos de Damasco e da Síria precisam de amizade e das orações de todos para enfrentar a condição marcada por uma "solidão caótica e amarga". 

(Agência Fides)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

EU PERMANEÇO EM ALEPPO!

Apelo dramático do bispo ortodoxo na cidade síria

Por José Antonio Varela Vidal

ROMA, sexta-feira 17 de agosto de 2012 (ZENIT.org) - Grato por todas as mensagens de conforto e solidariedade recebidas, o metropolita ortodoxo de Aleppo na Síria, Mar Gregorios Yohanna Abraham, ratificou sua vontade de permanecer ao lado da população, atualmente bombardeada por ambas as frentes, pois "esse é um dos deveres de um pastor", declara.


Mor Gregorios Abraham

Através de uma recente declaração, o bispo narra os horrores do conflito interno no país árabe, que até hoje atinge a cifra dolorosa de 30.000 mortes e cerca de 200.000 feridos, em mais de 15 meses de ataques e contra ofensivas. Assim, a falta de vontade de ambas as partes em deter as ações desanimou nestas últimas horas as organizações internacionais em seus esforços pela paz.

Nisto é preciso acrescentar o número de desabrigados internos, que segundo a ONU seria de aproximadamente 2,5 milhões, alguns dos quais já entrados em países vizinhos como o Líbano, não menos de 40.000 pessoas. Destes, muitos são cristãos que se abrigam diante de uma prevista guerra religiosa, onde seriam apenas vítimas do ódio para com sua fé.

Panorama devastador

Em sua comunicação, Mar Gregorios explica o momento que cabe viver em uma cidade dividida entre aqueles que apóiam as operações militares do governo, e os que se identificam com as ações do grupo de rebeldes autodenominado "Exército Livre da Síria".

O prelado questiona se "a falta de combustível, eletricidade, água, pão e transporte, além da paralisia dos mercados e o desemprego, eram os privilégios e os produtos da primavera árabe na Síria". E também lamenta a insegurança e o caos, que, juntamente com a intrusão na vida e na propriedade privada tornaram-se "a ordem do dia", segundo sua dramática narrativa.


Adverte também que aumenta um fenômeno sem precedentes na Síria, o sequestro em plena luz do dia, cujo destino depende do que for negociado com os sequestradores e seus resgates, vivos ou mortos.

Acreditar contra toda a esperança

"Já não podemos desfrutar de nossa coexistência pacífica, que podíamos nos orgulhar", é a opinião do bispo, que é grato pela proximidade e conforto recebido de todo o mundo. São evidentes a tristeza e o temor em suas palavras, mesmo mantendo um grau de otimismo baseado na esperança de que a paz é um dom, fruto do diálogo e da justiça.

Portanto, como líder da Igreja Ortodoxa local, pede orações por uma solução pacífica da crise que possa trazer segurança e estabilidade ao país, para que a Síria seja "um lugar para todos os sírios, independentemente de sua formação religiosa, cultural, linguística ou étnica”, afirmou.

(Trad.:MEM)

Fonte

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Morre o patriarca da Igreja Armênia Ortodoxa de Jerusalém

O Catholicos de Todos os Armênios Karekin II informou hoje, sexta-feira, que o Arcebispo Torkom Manoogian, o patriarca armênio de Jerusalém, faleceu com 93 após lutar por muito tempo contra uma doença, segundo informa o sistema de informação da Santa Sé de Etchmiadzin.



O Arcebispo Manoogian nasceu em 1919 em um campo de refugiado perto do deserto de Baquba, norte de Bagdá, Iraque.

Sua Beatitude desempenhou um papel vital na promoção das relações ecumênicas internacionais. Ele serviu na diretoria do Conselho Nacional das Igrejas de Cristo nos EUA, também foi diretor da “Religião na Vida Americana”, bem como membro da diretoria da Fundação “Appeal of Conscience”.

Arcebispo Torkom Manoogian publicou cerca de 20 livros e monografias e era considerado o principal especialista sobre o compositor armênio Komitas.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Cristãos que falam a língua de Jesus e vivem na Turquia enfrentam o risco de extinção

Fonte: Revista ÉPOCA
Site: http://epoca.globo.com/edic/19981228/mundo2.htm

O povo arameu e o aramaico, a língua que era falada por Jesus e os apóstolos, estão ameaçados de extinção. Os arameus são descendentes de tribos nômades da Antiguidade que povoaram a Mesopotâmia. O aramaico, idioma próximo do hebraico, foi predominante na região alguns séculos antes e depois de Cristo. Há livros do Velho Testamento redigidos em aramaico. O que hoje ameaça os arameus é o meio hostil onde vivem, uma terra árida e quente na fronteira da Turquia com a Síria e o Iraque. Ali eles são pouco mais de 2 mil, um povo cristão que tenta preservar sua cultura e língua imerso num mundo essencialmente islâmico. Já a diáspora aramaica, por força da necessidade que têm os imigrantes de se adaptar ao país que os acolheu, perde progressivamente seus laços com o passado. O número de arameus e seus descendentes espalhados pelo mundo é desconhecido (só na Alemanha, são 45 mil).

Mosteiro de Mor Gabriel, símbolo da resistência do povo arameu
Atualmente, o perigo mais direto para a sobrevivência dos arameus é o conflito entre a guerrilha curda e o Exército turco. Os curdos, minoria com ambições nacionais, vivem mais ou menos na mesma área em que estão os arameus. Pego no fogo cruzado, esse povo é vítima tanto dos guerrilheiros quanto dos soldados turcos. A região, na fronteira já mencionada, é chamada pelos diáconos e monges aramaicos locais, seguidores da Igreja Ortodoxa síria, de Tur Abdin. Significa "monte dos servos de Deus". Lá não se lê a Bíblia sem medo. A qualquer momento podem aparecer agentes do serviço secreto turco, que confiscam os livros sagrados. Diversas vezes os monges de Mor Gabriel, principal mosteiro de Tur Abdin, erguido há 1.600 anos, tiveram de enterrar os manuscritos antigos, escritos na língua de Jesus, para evitar pilhagens. 

Mor Timotheus Aktas
As mensagens de paz dos textos bíblicos não têm eco numa região onde a guerra é a única mensagem. Que o diga o arcebispo de Tur Abdin, Timotheus Samuel Aktas, um homem de barba branca e olhos tristes que tem denunciado, em vão, o isolamento e as perseguições que ameaçam seu povo. Para Aktas, os arameus não sobreviverão sem ajuda externa. "Somos seus pais, os primeiros cristãos, nos ajudem", pediu recentemente o bispo em entrevista à revista alemã Focus. "Não temos nenhum político para nos apoiar." 

A palavra "sobrevivente" descreve de modo preciso a História dos arameus. A araméia Marika Keco, de 90 anos, ainda se lembra do massacre de 1915, o grande trauma de seu povo neste século. Ela e outros anciãos de Tur Abdin ainda contam os horrores que presenciaram ou que lhes foram narrados por seus parentes: arameus enterrados vivos ou decapitados e mulheres grávidas evisceradas. Durante a Primeira Guerra, informam historiadores ocidentais, os turcos e os curdos, à época ainda unidos, massacraram pelo menos 10 mil arameus e 100 mil armênios. Os turcos prometeram entregar aos curdos nômades as terras dos arameus. Bastava que fizessem uma faxina étnica. Até hoje a Turquia e os curdos negam o massacre. 

Como milhares de arameus, Marika Keco buscou refúgio, nos tempos sangrentos de 1915, em Ayinvert, aldeia situada em território turco, mas com forte presença curda. Há outra aldeia, chamada Midin, 25 quilômetros a sudeste, onde 250 arameus lutam desesperadamente para preservar costumes e tradições. É o padre, por exemplo, quem administra a Justiça. O castigo para roubo ou infidelidade é o jejum ou doações a famílias mais pobres. Os pais arranjam os casamentos dos filhos, que devem ser virgens. 

Há um lago perto da aldeia, e tropas turcas aquarteladas numa de suas margens. Os militares não incomodam os camponeses, mas nunca mexeram uma palha para esclarecer alguns crimes que têm assustado os arameus. A história que todos repetem é a de Ladho Barinc, de 30 anos. Em 1994, quando ia visitar sua mulher, internada num hospital de Midyat, uma das maiores cidades da região, foi seqüestrado por desconhecidos e mantido em cativeiro durante seis meses. Seus captores o acorrentaram e surraram diversas vezes. Exigiam que se convertesse ao islamismo e só o libertaram mediante pagamento de resgate de US$ 5 mil. Solto, Barinc decidiu servir a Deus e a seu povo e hoje ensina arameu às crianças de Midin. 

Os líderes arameus locais também tentam combater a emigração. Mas é difícil. No mosteiro de Mor Gabriel, a meio caminho entre Ayinvert e Midin, só há dois monges para ajudar o bispo Timotheus Aktas. Um está velho e doente, e o outro, jovem e inexperiente, não pode se encarregar de tarefas importantes. Já as 14 monjas ficaram. Elas cozinham e cuidam da limpeza do mosteiro, além de acompanhar os 28 alunos que vivem como internos. São rapazes de aldeias araméias que dificilmente seriam aceitos nas escolas turcas da região.

Interior do Mosteiro de Mor Gabriel
A primeira onda emigratória, neste século, ocorreu a partir de 1915 - eram arameus apavorados com o massacre. Mais recentemente, nos anos 60 e início dos 70, os arameus voltaram a buscar a Europa atrás dos empregos então oferecidos a imigrantes. No início, estranharam os costumes ocidentais, mas aos poucos se integraram, dedicando-se sobretudo ao comércio. Não é, contudo, uma integração total. Os pais insistem em ensinar aos filhos as tradições e a língua. Todos se orgulham do passado, mas as novas gerações quase não entendem mais o significado dos hinos cantados em festas ou cerimônias religiosas. 

Muitos arameus na Europa ainda sonham com a paisagem e as imagens de Tur Abdin, que guardam na memória, mas fingem não perceber como é frágil a situação daqueles que ficaram - justamente os responsáveis pela manutenção da identidade aramaica. 

Schlomo, a saudação comum entre os arameus, significa paz, mas isso eles ainda não encontraram.