quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Foto do Dia

Mar Tito Paulo Toza - Metropolita do Brasil, em entrevista à Sriousat Channel

Sobre como tratar o sacerdote na Igreja Siríaca

Existe uma diferença no tratamento que se dá ao padre no idioma aramaico e nos idiomas ocidentais. Para os ocidentais, o sacerdote não é tratado por padre, palavra proveniente do latim e que significa “pai”; pois, ele merece o respeito do pai. Nunca nos referimos a ele sem que seja através do significante “padre”. 


Em aramaico, temos duas palavras e ambas são usadas frequentemente. Quando falamos diretamente com o padre, nós o tratamos por “abuna” que significa “nosso pai”, visto ele merecer o mesmo respeito que dedicamos a nosso pai. Quando falamos do padre, na terceira pessoa, tratamos por “cohno” (a letra “h” é aspirada com força para que se destaque na pronúncia). 

“Cohno” tem sua origem no radical “cáhen; cahíno” que significa “o que produz”; assim, falamos “xenáio cahínoto” ou seja “anos de abundância” ou “anos em que as árvores dão muitos frutos”. Com isso, queremos dizer que o sacerdote tem o dom de produzir fiéis para Cristo, para a Igreja; e é isso que a Igreja espera de nossos padres:- que, através de seus ensinamentos, através de suas atitudes, tragam cada vez mais fiéis à Igreja de Cristo.


Assim como um pai precisa fazer com que seus filhos trilhem o caminho do que é justo, também o sacerdote tem a obrigação de trazer os seres humanos para o caminho de Cristo que é o caminho do bem, da benvolência e do amor e nós, os fiéis da Igreja, temos por dever, ouvir e aprender com “abuna” seus ensinamentos que são os ensinamentos de Cristo.



Fonte do texto: Suryoye nº 37 - junho/2009

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um humilde pedido

Caro leitor, 

Qualquer informação deste blog é, por sua natureza, pública e, portanto, “compartilhável” em qualquer outro meio virtual. Contudo, as informações aqui postadas são fruto de muito estudo e trabalho, horas de pesquisa e dedicação. Por isso, primeiramente gostaríamos de agradecer aos outros blogs que copiam nossas publicações, pois este é um reconhecimento de nosso bom trabalho e do empenho que esses possuem de divulgar a nossa Santa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. Ao mesmo tempo, pedimos que, ao copiar qualquer matéria, foto ou texto deste blog, por respeito ao nosso trabalho, que por favor, você pudesse ao menos colocar de onde você retirou essas informações.

Este pedido não é, de forma alguma, uma afronta aos outros blogs ou sites que, por alguma razão, não produzem material próprio e simplesmente alimentam-se de outras fontes de forma direta e explícita. É, ademais, um simples pedido de respeito e boas maneiras, atitudes que devem ser cultivadas por todos os cristãos.

Basta, ao final de qualquer cópia, colocar esta simples linha:

Fonte: www.ortodoxiasiriaca-brasil.blogspot.com

É uma atitude simples, ética e educada.

Muito obrigado,

A redação.

Sobre a Santa Eucaristia


"O que os anjos contemplam tremendo, o que não se atrevem a olhar de frente, sem temor, pelo resplendor que irradia - é isso o que nos alimenta, é a isso que nos unimos estreitamente, passando a ser com Cristo um só corpo e uma só carne."
(São João Crisóstomo em Homilias sobre São Mateus, 82)

Foto do Dia


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Santa Tecla - Virgem e Protomártir entre as mulheres

Santa Tecla, uma das santas mais veneradas pela ortodoxia siriaca, nasceu numa família reconhecidamente pagã. Quando contava com a idade de 18 anos, foi prometida em casamento a um jovem. O apóstolo Paulo, em certa ocasião, pregou o evangelho no lugar onde Tecla vivia. Tendo escutado a pregação evangélica do Apóstolo, Tecla se converteu ao cristianismo e decidiu viver uma vida casta, desde então.

Ícone de Santa Tecla, também chamada de "igual aos apóstolos"

A decisão tomada pela santa transtornou tanto sua mãe que, além de surrá-la, privava sua filha Tecla de se alimentar. Contudo, quando percebeu que aquela maneira de tratá-la resultada incapaz de desviá-la de sua fé em Cristo, desesperadamente atirou-a ao fogo. Deus, porém, preservou-a intacta. Tecla se fez discípula do Apóstolo Paulo e foi com ele a Antioquia. Lá, um ancião da cidade, atraído por sua beleza, tentou tomá-la a força, porém ela conseguiu fugir. Enfurecido o agressor a levou ao governador sob a acusação de ser uma cristã. O governador ordenou que a jogassem para os animais ferozes, mas os animais não a tocaram. Surpreso, o governador a interrogou, perguntando-lhe: "quem és tu, e qual é poder que vem de ti, pois nada te faz mal ?" Tecla respondeu: "Sou uma serva do Deus vivo". O administrador, então, a deixou livre e ela iniciou sua missão de anunciar o evangelho convertendo muitos à fé cristã. Depois, se retirou a um lugar solitário, levando uma vida simples, curando os enfermos através de orações. Os médicos, enciumados pelo dom de cura da Santa, enviaram alguns jovens para atacá-la. Ela rogou ao Senhor que o protegesse daqueles homens e imediatamente a pedra onde estava sentada se abriu e a escondeu. Esta pedra que foi seu esconderijo, mais tarde foi usada como seu túmulo.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Foto do Dia

Metropolita sirio-ortodoxo da Alemanha e Arcebispo católico romano
Dois rebanhos, dois pastores e uma paz que exala unidade

13 de fevereiro - Santo Ignatius Elias III, Patriarca de Antioquia

Santo Ignatius Elias III foi o 114º sucessor de São Pedro na Sé de Antioquia. Foi ordenado sacerdote em 1892 pelo então patriarca Mor Ignatius Pedro IV, sagrado bispo em 1908 pelo patriarca Mor Ignatius Abded-Aloho II e finalmente elevado ao trono do patriarcado em 1917.

Santo Ignatius (ou Inácio) Elias III


Muito querido pelos cristãos armênios, santo Ignatius Elias III foi um grande protetor deste povo, tendo dado refúgio a cerca de 7000 armênios durante as perseguições e massacres na Turquia. Foi também o último patriarca a residir no mosteiro de Mor Hananyo (sede do patriarcado de 1160 a 1932, ou seja, praticamente todo o segundo milênio) e dentre seus inúmeros feitos, podemos destacar a luta pela unidade da Igreja Malankara, na índia, onde estão os restos mortais do santo patriarca, cuja memória é celebrada por toda a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, mas especialmente na índia, onde milhares de fiéis peregrinos se reúnem no dia 13 de fevereiro para festejar a memória do santo. 



Santo Ignatius Elias III, intercedei por nós!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Morre na Suíça o padre e poeta Youssef Said


Um dos mais proeminentes poetas da atualidade, o sacerdote sírio-ortodoxo Youssef Said faleceu na manhã da última terça-feira (07/02) aos 80 anos em um hospital de Estocolmo, na Suíça, deixando um rico legado para literatura mundial. 

Nascido em Mosul, no Iraque, em 1932, além de seu trabalho renomado como poeta, padre Youssef foi também um grande tradutor dos poemas de Santo Efrém, O Sírio.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Foto do Dia

Santa Qurbana, Divina Liturgia ou Santa Missa

Teofilos de Antioquia, Patriarca

Para nossa Igreja, Teofilos foi o nosso 7º. Patriarca que dirigiu a Igreja de 169 a 172 d.C. Para as demais Igrejas (Romana, Copta e Bizantina) ele era São Teófilo. 

Teofilos deixou-nos poucos dados biográficos. O que sabemos sobre ele nos foi informado por Eusébio, bispo de Cesaréia e Jerônimo (morreu em Belém em 420 d.C.).

Teofilos, 7º Patriarca de Antioquia

Teofilos nasceu pagão (por volta de 115 d.C.), na província da Mesopotâmia, onde teve uma formação muito apurada em ciências orientais e depois, em Antioquia onde eram cultivadas também as ciências e filosofias gregas. Naquele tempo, Antioquia era um centro governamental e cultural do Império Romano na Síria. Lá residia o governador romano no Oriente Médio e para lá migravam muitos sábios gregos com a intenção de adquirirem os conhecimentos do Oriente. A princípio, Teofilos estudara o Novo Testamento para poder discutir com os primeiros cristãos e derrotá-los com seu conhecimento. Após estudar por alguns anos, acabou por se converter ao Cristianismo o qual ele pretendia ridicularizar e em seguida passou a reunir-se com sacerdotes e pregadores do cristianismo oriental com quem aperfeiçoou seus estudos. 

Por volta de 140 d.C., surgiu um movimento dentro do cristianismo de Roma, cujo fundador foi Marcion e possuia raízes nas mitologias indianas que subsistiram no mazdaísmo persa e nas diversas mitologias gregas e romanas. Esse movimento herege era conhecido como marcionismo que por sua vez deu origem ao maniqueísmo e juntos, marcionismo e maniqueísmo, perduraram por 300 anos na Europa e quase 1000 anos no Oriente (principalmente na Pérsia e Índia). 

Foi contra esse movimento que Teofilos se levantou. Sua obra magna, Apologia, escrita para Autolycus, refuta com maestria a tese do marcionismo que recusava aceitar Deus como Deus Supremo, pregava que haviam semi-deuses e que Deus seria um desses semi-deuses só que do bem enquanto que existiria um outro que seria do mal. Além disso, Marcion pregava de forma muito dissimulada que S. Pedro, S. Lucas, S. Mateus e S, Marcos seriam falsos deuses e, finalmente, negava o Novo Testamento, tal como o conhecemos pois ele mesmo mutilou o Evangelho de S. Lucas para poder utilizar essa distorção em seus discursos. 

Foi Teofilos o primeiro a se opor a essas heresias pois toda a Mesopotâmia, a Pérsia e a Índia estavam sob a direção da Igreja de Antioquia e foi nessas regiões que mais estragos causava Marcion e depois também Mani (desenvolvedor do maniqueísmo); estragos esses que sempre acabavam por gerar divisões. Graças aos ensinamentos de Teofilos, os bispos e sacerdotes da Igreja de Antioquia conseguiram deter o avanço do marcionismo e restringí-lo ao paganismo e a uma pequena parte da Igreja. Através dos ensinamentos de Teofilos, também a Igreja de Roma conseguiu restringir o avanço dessa heresia no ocidente e por isso, a Igreja Romana o considera um Santo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Casamento Ortodoxo Siríaco

Algumas imagens de um casamento segundo a tradição da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, com trechos próprios do rito.






Os santos padres concordam que Deus criou a humanidade homem e mulher. O homem representa Cristo e a mulher a Igreja. O amor de Cristo à Igreja é a base e é um bom exemplo para o casamento. Os santos padres apóiam São João Crisóstomo dizendo que o amor que une o homem e a mulher num só corpo representa a imagem da Santíssima Trindade - "quando um homem e uma mulher são unidos pelo matrimonio não buscam mais coisas materiais. Tornam-se ao invés na imagem do próprio Deus. O amor tem uma característica muito especial uma vez que os amantes não são mais duas entidades separadas, mas uma. Eles não estão unidos, mas são um. O amor muda a essência das coisas".




"Queridos filhos temos um hábito herdado dos nossos santos padres que vos surpreenderá e vos tornará aplicados. Saibam que vocês estão perfilados na presença de Deus que examina a intimidade dos teus corações diante do santo altar, da cruz, do adorado evangelho e na presença desta assembléia. De agora em diante confiamos um ao outro e vos declaramos marido e mulher. Deus, Ele mesmo está entre vocês e eu. Sou inocente dos vossos erros".  






"Considera ó filho que esta tua esposa cuja mão colocamos nas suas, e que confiamos a Deus e a você, segura-a diligentemente, lembra que terás de responder por ela na presença de Deus no dia do Juízo Final!"



"Senhor Deus proteja os seus servos sob as asas da vossa misericórdia e abrigai-os, tornai suas vidas prósperas e seus dias felizes, que a vossa destra os guie e que eles vos exaltem cantando incessantemente. Amem."




Fonte dos textos: IBRAHIM, Mar Gregorios Y. Introdução aos sacramentos: uma perspectiva ortodoxa oriental. Tradução: diácono evangelista Aniss Ibrahim Sowmy. Disponível em: http://www.siriacaort-santamaria.org.br/

Foto do Dia


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Piedade ortodoxa siríaca: o uso da barba

O ser humano é simbólico por excelência. Através de gestos, objetos e atitudes a humanidade sempre buscou expressar suas crenças e vontades, de modo a caracterizar-se e expressar-se da melhor forma possível. Também no cristianismo, desde a constituição da Igreja Primitiva, desenvolveram-se uma série de elementos simbólicos, ora provenientes da própria tradição judaica, ora nascidas das necessidades encontradas pelos apóstolos e santos no anuncio do Santo Evangelho e na celebração dos Sacramentos. 

Todo símbolo visa ligar-nos a algo, ou seja, é a expressão visível de uma realidade invisível, porém não menos real pelo fato de ser “invisível”. Um casal, ao contrair o sacramento do matrimônio, por exemplo, utiliza cada um uma aliança como sinal (símbolo) não só o do amor que sentem um pelo outro (e que é invisível!), mas também do compromisso que fizeram diante da sociedade e da Igreja. 


Dentre os elementos simbólicos que mais chama a atenção em nossa tradição ortodoxa siríaca, temos o uso da barba pelo clero, desde diáconos aos bispos. A tradição de manter a barba longa possui embasamento bíblico e teológico forte, além é claro, de ser um importante e visível sinal de piedade por parte do sacerdote que, ao mantê-la longa, demonstra sua ortodoxia de fé e comunhão com a tradição de toda Igreja.

Ícone do Concílio de Nicéia I
A iconografia cristã sempre apresentou tanto Cristo quanto os apóstolos usando barba, bem como todos os santos e mártires. Logo, é a Tradição da Santa Igreja que nos ensina que, assim como Cristo e seus fiéis servos, todo sacerdote deve manter a barba longa. Contudo, com o crescimento da Igreja na diáspora, sobretudo no ocidente, desenvolveu-se a idéia errada e, portanto, heterodoxa, que o uso da barba por parte do clero seria algo facultativo ou um mero costume oriental, ou, ainda, algo reservado somente ao clero monástico. 

Pura mentira ou, no mínimo, falta de entendimento do que é ser de fato ortodoxo!

Monges ortodoxos siríacos
Quando um sacerdote celebra a Santa Qurbana (Divina Liturgia ou Santa Missa), ele é para nós como o próprio Cristo. A liturgia está estruturada sobre o sacerdócio que Cristo realizou e deu àqueles que Ele ordenou, através dos legítimos sucessores dos apóstolos, os bispos. O celebrante é, assim, um lembrete (sinal ou símbolo) para nós do próprio Cristo, é um ícone vivo de Cristo, não só internamente, mas também em sua aparência externa, desde seus gestos e posturas, até no uso da barba, como é bem apresentado pela Tradição cristã.

Sacerdotes ortodoxos siríacos casados
O uso da barba é também sinal de rejeição ao mundo e, consequentemente, ao que é mundano. É uma resposta contrária à vaidade do homem que busca adequar-se à preceitos de estética mundana, buscando aprovação daquilo que não é de Deus, ou seja, a vaidade é a busca herética e obviamente heterodoxa de encontrar no mundo a felicidade ou a aprovação pessoal. O sacerdote ortodoxo sírio, seja ele monge ou casado, deve ser sinal à comunidade que a verdadeira felicidade só se encontra nas coisas do alto e isto se dá, tanto ao anunciar o Evangelho e celebrar os Santos Sacramentos, quanto em seu testemunho através de seus hábitos cotidianos e sua aparência. Não é a toa que a maioria dos ascetas são retratados nos ícones com longas barbas, justamente por essa razão.

Monge ortodoxo siríaco na Terra Santa
Um outro motivo, tão importante quanto os demais, é que os cristãos ortodoxos de tradição siríaca são os maiores herdeiros das tradições semitas. Os hebreus reverenciavam profundamente o uso da barba, como pode ser visto a partir de muitos exemplos nas Sagradas Escrituras: “Não cortareis o cabelo em redondo, nem rapareis a barba pelos lados” (Levítico 19:27). A barba também era usada pelos sacerdotes, como é possível comprovar através dos Salmos: “É como um óleo suave derramado sobre a fronte, e que desce para a barba, a barba de Aarão, para correr em seguida até a orla de seu manto” (Salmos 132/133:2).

Dom Moussa, Apóstolo do Brasil, fiel à Tradição
Obviamente, o crescimento da Igreja na diáspora, sobretudo no ocidente, fez com que muitos sacerdotes casados, mesmo que piedosos, encontrassem algumas barreiras para manter a Tradição de usar barbas longas, principalmente em seus locais de trabalho. Nesses casos, vale o bom senso. Mantêm-se o uso da barba, porém sempre aparada e curta. Mesmo no ocidente, são raríssimos os casos de rejeição de uma barba bem feita, haja visto que é um elemento natural do visual masculino que, assim como unhas e cabelos, por exemplo, devem estar sempre bem cuidados (e não arrancados!). Mesmo assim, sobretudo entre os sacerdotes, deve-se manter a convicção evangélica já alertada pelo próprio Cristo: “Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida?” (Mateus 16,26). 

De fato, ao sacerdote verdadeiramente ortodoxo, valerá mais manter sua Tradição do que qualquer convenção social. O sacerdote que questiona qualquer tradição da Igreja deve questionar-se primeiro se ele de fato entende o que é a Igreja, o que é ortodoxia, o que é ser ortodoxo e quem ele é como membro sagradamente ordenado para celebrar os Santos Sacramentos e anunciar o Evangelho.

Portanto, não se trata de um “tradicionalismo” vazio. Aliás, diga-se de passagem, elementos sem sentido ou descartáveis não têm lugar na Igreja Sirian Ortodoxa. Em outras palavras, se está na Igreja é Tradição, logo, é importante, e se é importante, deve ser vivido por todo sacerdote que se preze.


Fonte: The orthodox voices: Beards in the Syriac Christian Tradition

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A nobre simplicidade da Igreja sirian ortodoxa no Brasil


Monsenhor Enéas Alvarez - em memória
Paróquia da Mãe de Deus
Olinda - PE

Ao clero sirio-ortodoxo do Brasil


Para baixar o cartaz em alta resolução, clique na imagem com o botão esquerdo do mouse, espere abrir e depois clique com o botão direito do mouse e selecione "salvar imagem como".


Cartaz elaborado pelo  Ecclesia Design, do designer Pablo Neves, parceiro deste blog.

Monofisitas?

Há, ainda hoje, sobretudo por ignorância e pouca caridade de alguns, a ideia de que a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, a Igreja Ortodoxa Copta e a Igreja Armênia  seriam monofisitas. Resquícios, é claro, de tantas perseguições que atravessaram séculos, mas que hoje tem-se por verdade, tanto entre os latinos quanto entre os gregos, serem frutos de divergências fraseológicas e não doutrinais, que outrora, lamentavelmente, nos dividiram. Abaixo, transcrevo uma parte da declaração comum dos chefes destas Igrejas, num encontro ocorrido no Mosteiro do Santo Bishay, no vale de Natron - Egito, em março de 1998 .


[...] "Em verdade nossas Igrejas empenharam-se no decorrer da história e às custas do sangue dos seus mártires buscaram manter intacto o legado do Concílio de Éfeso no que tange à Encarnação do Verbo baseado nos ensinamentos de Santo Cirílo o Grande (444AD) bem como as decisões do referido Concílio. Queremos aqui citar entre os nossos Santos Padres, em especial São Gregório o Iluminado, Santo Dioscoro de Alexandria, São Filoxinos de Mabug, São Tiago Baradeus (Yacoub Burdhono), Santo Nerses o Benevolente, que mantiveram firme a fé apostólica e defenderam firmemente a ortodoxia dos ensinamentos dos três primeiros Concílios Ecumênicos. 



2º - Os ensinamentos de São Cirílo, o Grande, constituem-se nos alicerces da Cristologia das nossas Igrejas. Foi com base nos ensinamentos que o Comitê da União Oficial do Dialogo Teológico das Igrejas Ortodoxas Orientais e Ocidentais foi capaz de formular um acordo de união que ora se encontra em estudo pelos Santos Sínodos das duas famílias. De fato a seguinte declaração foi mencionada no início deste acordo: “encontramos uma base comum (isto é na fé Apostólica) na fórmula do nosso Santo Padre, São Cirilo de Alexandria – uma Natureza do Deus Encarnado, o Verbo, e no seu dizer que é suficiente para a verdadeira e irrefutável confissão basta dizermos que a Santíssima Virgem Maria é a Mãe de Deus.


 3º – De acordo com a nossa sincera obediência à fé, doutrina e ensinamentos dos nossos Santos Padres, firmemente reafirmamos nossa rejeição geral de todos os ensinamentos heréticos de Ario, Sabilo, Apolinário, Macedonio, Paulo de Samosata, Deodoro de Tarso, Teodoro de Monsueto, Nestor, Eutico e todos os demais seguidores destes ou de outros hereges que propagaram seus ensinamentos heréticos errôneos.

4º – Cremos que Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo, Filho de Deus, veio na Sua própria pessoa. Ele não assumiu uma pessoa humana, mas Ele Próprio por união hipostática (União das duas naturezas humana e divina na única pessoa de Jesus Cristo – observação do tradutor) tomou plena e perfeitamente a natureza humana, corpo e alma racional, sem pecado, da Virgem Maria, através do Espírito Santo. Ele constituiu sua própria humanidade numa natureza encarnada e uma encarnada hipostasia com sua Divindade no exato momento da encarnação através da verdade natural da união hipostática. Sua Divindade não se separou da sua Humanidade nem por um momento, nem por um piscar de olhos. Esta união é superior à descrição e percepção. Quando falamos de “uma natureza encarnada da Palavra de Deus” não queremos dizer Sua Divindade em separado ou Sua Humanidade em separado, isto é, uma única natureza, mas falamos de uma união divina-humana natural em Cristo sem mutação, sem mistura, sem confusão, sem divisão e sem separação. As propriedades de cada natureza não mudam nem são destruídas por causa da sua união, as naturezas se distinguem uma da outra exclusivamente em pensamento." [...]


Fragmento da declaração comum dos Patriarcas das Igrejas Ortodoxas Orientais (Pré - Calcedonianas ou Antigas Igrejas do Oriente), sendo esta a doutrina cristológica oficial destas Igrejas, que estão em plena comunhão:

Papa Xnuda III da Igreja Ortodoxa Copta;

Patriarca Mar Ignatius Zakka I Iwas da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia;

Cathólicos Aram I, Patriarca dos Armênios.

(Traduzido da Revista Patriarcal vol. 36 – abril-maio 1998 – No 174 –175)


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Foto do Dia

Terra Santa


Abençoado é o Messias (Cristo)

(bríkhu mxiHo) 



Abençado é o Messias! 
Quem te gerou foi Maria da tribo de Daví, 
Dentre todas as tribos do mundo, 
E Ele tomou de tí (Maria) corpo humano 
E como humano sofredor 
Surgiu na terra 
Enquanto (era) Deus. 
Glória a Ele 
Porque Ele rebaixou 
Sua grandeza por nós! 
E elevou 
A memória de Sua mãe 
Por toda a Terra. 

(Tesouro de Hinos da Igreja Siríaca)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012